A FAMÍLIA ESCRAVA NO CONTEXTO COLONIAL: PODER, TRABALHO E RESISTÊNCIA NAS MINAS SETECENTISTAS.
Resumo
eoi/doi Deposit-Electronic Object Identifier
http://eoi.citefactor.org/10.11248/ehum.v10i2.2369The slave family in the colonial context: power, work and resistance in the eighteenth century Minas Gerais
Resumo. Neste artigo discute-se, através de análise bibliográfica, a importância da família escrava e do parentesco espiritual entre os cativos nas Minas setecentistas, relacionando os rituais de casamento e batismo com a construção de identidades parentais com a resistência escrava. Para os escravos, a reconstituição da família e do parentesco espiritual era estratégica, mostra, além do desejo dos pais de protegerem seus filhos, uma tentativa de ampliar a família, construindo redes de dependência mútua, de reciprocidade e de fidelidade que perdurava por toda a vida, fato que revela a astúcia dos africanos e descendentes que viviam sob a égide da escravidão. Longe de ser elemento estrutural para a manutenção do sistema escravista, a família escrava poderia contribuir até mesmo para ajudar a desestabilizar o sistema social.
Palavras-chave: família escrava, poder, resistência.
Abstract: In this article we discuss, through bibliographic analysis, the importance of the slave family and the spiritual kinship between the captives in the captaincy of Minas Gerais, Brazil, linking rituals of marriage and baptism with the construction of parental identities with slave resistance. For the slaves, the reconstitution of the family and spiritual kinship was strategic, showing, in addition to the parents' desire to protect their children, an attempt to expand the family, building networks of mutual dependence, reciprocity and fidelity that lasted throughout the life, a fact that reveals the cunning of Africans and descendants who lived in the time of slavery. Far from being a structural element for the maintenance of the slave system, the slave family could contribute even to help destabilize the social system.
Keywords: slave family, power, resistance.
Recebido em: 25/10/2017 – Aceito em 14/01/2018
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
Fontes:
CONSTITUIÇÕES PRIMEIRAS DO ARCEBISPADO DA BAHIA. Feitas e ordenadas pelo Ilustríssimo, e Reverendíssimo Senhor D. Sebastião Monteiro da Vide, Arcebispo do dito Arcebispado, e do Conselho de Sua Majestade, propostas e aceitas em o Sínodo Diocesano, que o dito Senhor celebrou em 12 de Junho do ano de 1707. São Paulo: Tipografia de Antônio Louzada Antunes, 1853. Nas notas: CAB.
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU). AHU cx. 40, doc. 24. Requerimento do Coronel Manuel Simões de Azevedo, 29/11/1740.
Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP). CMOP 06, fl. 16/18. Bando do Governador D. Pedro de Almeida. Vila Rica, 21 de Novembro de 1719.
Seção Colonial do APM (SC/APM). SC-04, fl. 740/748. Carta de Assumar ao Rei. Informa sobre os meios utilizados pelas negras para obterem sua alforria e outros assuntos. 28 de Novembro de 1719.
SC-11, fl. 171v. Carta a todos os Vigários da Vara das Minas. Vila do Carmo, 26 de Novembro de 1719. D. Pedro de Almeida e Portugal, Conde de Assumar.
SC-11, fl. 184. Carta do Governador ao Vigário da Vara de Sabará. Vila do Carmo, 26 de Dezembro de 1719.
SC-27, fl. 127/130. Carta de D. Lourenço de Almeida ao Juiz Antônio Ferreira. Vila Rica, 03 de Abril de 1732.
Bibliografia citada.
BOTELHO. Tarcísio Rodrigues. Família escrava em Catas Altas do Mato Dentro (MG) no século XVIII. In: Jornada Setecentista, 5., 2003, Curitiba. Anais... Curitiba, 26-28 nov. 2003.
CASTRO, Hebe Maria da Costa Mattos G. de. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista, Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.
COSTA, Iraci del Nero da. Vila Rica: população (1719-1826). Ensaios Econômicos, 1. São Paulo, IPEUSP, 1979.
FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de Janeiro, 1790-1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.
GENOVESE, Eugene. Roll, Jordan, Roll: the world the slave made. New York: Vintage Books, 1976.
KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MOTTA, José Flávio. Corpos escravos, vontades livres: posse de cativos e família escrava em Bananal (1801-1829). São Paulo: Fapesp/Annablume, 1999.
RAMOS, Donald - “A Mulher e a Família em Vila Rica do Ouro Preto: 1754 -1838” In: História e População. Estudos sobre a América Latina. SP, ABEP, 1990, pp. 157-160.
RAMOS, Donald. A social history of Ouro Preto: stresses of dynamic urbanization in colonial Brazil, 1695-1726. The University of Florida, (Ph.D Thesis), 1972.
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
RUSSELL-WOOD, A J R. The black man in slavery and freedom in Colonial Brazil. New York: s/ed.,1982.
SCHWARTZ, Stuart. Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, SP: Edusc, 2001.
SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial (1550-1835). São Paulo: Cia das Letras, 1988.
SLENES, Robert. W. Na senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava, Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
SOUZA, Marina de Melo e. Reis negros no Brasil escravista: história da festa de coroação de rei congo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.
VENÂNCIO, Renato Pinto. Compadrio e rede familiar entre forras de Vila Rica, 1713-1804. In: Jornada Setecentista, 5., Anais... Curitiba, 26-28 nov. 2003.
##plugins.generic.alm.title##
Metrics powered by PLOS ALM
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2018 Renato da Silva Dias
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.