ABORDAGEM E MANEJO DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NA GESTAÇÃO

Cláudio Jânio Pereira Júnior, Larissa Proença Cotrim dos Santos, Phillipe Augusto Marques Silva, Fabyulla Amaral Fernandes

Resumo


O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é um transtorno do tecido conjuntivo, autoimune e com acometimento sistêmico. Sua ocorrência na gestação está associada à maiores taxas de perda fetal, prematuridade, crescimento fetal restrito e transtornos hipertensivos. Objetiva-se contemplar o diagnóstico, o acompanhamento obstétrico, as especificidades do tratamento, e a assistência ao parto nesses casos. O LES apresenta uma vasta gama de apresentações clínicas, desse modo o pré-natal demanda a integração do obstetra com outras especialidades, incluindo-se uma propedêutica específica para o acompanhamento da doença. O risco de ocorrência do surto de ativação do LES na gravidez parece estar relacionado à atividade da doença 6 a 12 meses antes da concepção, e observa-se um risco maior de nefrite lúpica, no período periconcepcional. Todas as gestantes com suspeita de doença ativa devem ser hospitalizadas devido à gravidade da condição e ao rápido comprometimento da vitalidade fetal – abortos espontâneos e o óbito fetal podem ocorrer em cerca de 20% dos casos. O tratamento de longo prazo deve levar consideração o risco-benefício, sempre considerando os efeitos nocivos da doença para o binômio mãe-feto. Embora exista uma toxicidade, a descontinuação abrupta do tratamento não é recomendada, pois aumenta os riscos para desfechos desfavoráveis. As principais drogas são glicocorticoides e a hidroxicloroquina. A via de parto deve ser vaginal, o parto cesáreo deve ser bem indicado, devido ao maior risco de tromboembolismo venoso, perda sanguínea e infecção. Devido à gravidade e a significativa morbimortalidade materno-fetal, é de fundamental importância o conhecimento acerca do lúpus associado à gravidez.

 

Palavras-Chave: Lúpus eritematoso sistêmico; pré-natal; gestação; gravidez; doenças auto-imune


Texto completo:

PDF

Referências


AL-HERZ, A.; SCHULZER, M.; ESDAILE, J.M. Survey of antimalarial use in lupus pregnancy and lactation. The Journal of Rheumatology, vol. 29, n. 4, p. 700-706, abr. 2002. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

ANDREOLI, L. et al. EULAR recommendations for women's health and the management of family planning, assisted reproduction, pregnancy and menopause in patients with systemic lupus erythematosus and/or antiphospholipid syndrome. Annals of Rheumatic Diseases, vol. 76, n. 3, p. 476-485, mar. 2017. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

BAER AN, et al. Lupus and pregnancy. Obstet Gynecol Surv. 2011;66(10):639-53.

BUYON, J.P. et al. Predictors of Pregnancy Outcomes in Patients With Lupus: a cohort study. Annals of Internal Medicine, vol. 163, n. 3, p. 153-163, ago. 2015. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

CLOWSE, M.E. et al. Hydroxychloroquine in lupus pregnancy. Arthritis & Rheumatism, vol. 54, n. 11, p. 3640-3647, nov. 2006. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

CLOWSE, M.E. et al. The impact of increased lupus activity on obstetric outcome. Arthritis & Rheumatism, vol. 52, n. 2, p. 514-521, fev. 2005. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

GABALLA HA, et al.Clinical and sorological factors of systemics lúpus erythematosus outcomes during pregnancy. Egypt Rheumatol. 2012;34(4):159-65

KNIGHT CL, et al. Management of systemics lúpus erythematosus during pregnancy: challenges and solutions. Open Acess Rheumatol. 2017; 9: 37-53.

KWOK, L.W. et al. Predictors of maternal and fetal outcomes in pregnancies of patients with systemic lupus erythematosus. Lupus, vol. 20, n. 8, p. 829-836, jul. 2011. Disponível em: < https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0961203310397967?rfr_dat=cr_pub%3Dpubmed&url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&journalCode=lupa>. Acesso em: 10 out. 2019.

LATEEF A, et al. Systemics lúpus erythematosus and pregnancy. Rheum Dis Clin North Am. 2017;43(2): 215-26.

LATEEF, A.; PETRI, M. Managing lupus patients during pregnancy. Best Best Practice & Research: Clinical Rheumatolog., vol. 27, n. 3, p. 1-20, jun. 2013. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.

PARKE, A.L.; ROTHFIELD, N.F. Antimalarial drugs in pregnancy – the North American experience. Lupus, vol. 5, p. 67-69, jun. 1996. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8803915>. Acesso em: 10 out. 2019.

PETRI M, ORBAI AM, et al. Derivation and validation of the Systemic Lupus Internacional Collaborating Clinics classification criteria for systemics lúpus erythematosus. Arthritis Rheum. 2012;64(8): 2677-86.

RUIZ-IRASTORZA G, et al. Lupus and pregnancy: integratingclues from the bench and bedside. Eur I Clin Invest. 2011;41(6): 672-8

SATO EI. Lúpus eritematoso sistêmico. In: Borges DS, Rothschild HA, eds. Atualização terapêutica 2: Manual prático de diagnóstico e tratamento. 21ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 2003.

SHAIKH MF, JORDAN N, et al. Systemics lúpus erythematosus. Clin Med (Lond). 2017;17(1): 78-83.

SURITA, F. G. C.; PASTORE, DEA. Lúpus eritematoso sistêmico e gravidez. Femina. Vol. 47, n. 6, p. 322-49, 2019.

YANG, H. et al. Pregnancy-related systemic lupus erythematosus: clinical features, outcome and risk factors of disease flares--a case control study. PLoS One, vol. 9, n. 8, p. 1-7, ago. 2014. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2019.


A abreviatura do periódico é e-Sci, o qual deve ser utilizado em bibliografias, notas de rodapé e para referências. ISSN: 1984-7688, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Licença Creative Commons
Todo o conteúdo da e-Scientia, exceto quando identificado, está licenciado sob uma licença Creative Commons Atribuição 3.0 Não Adaptada.