ABORDAGEM E MANEJO DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NA GESTAÇÃO
Resumo
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é um transtorno do tecido conjuntivo, autoimune e com acometimento sistêmico. Sua ocorrência na gestação está associada à maiores taxas de perda fetal, prematuridade, crescimento fetal restrito e transtornos hipertensivos. Objetiva-se contemplar o diagnóstico, o acompanhamento obstétrico, as especificidades do tratamento, e a assistência ao parto nesses casos. O LES apresenta uma vasta gama de apresentações clínicas, desse modo o pré-natal demanda a integração do obstetra com outras especialidades, incluindo-se uma propedêutica específica para o acompanhamento da doença. O risco de ocorrência do surto de ativação do LES na gravidez parece estar relacionado à atividade da doença 6 a 12 meses antes da concepção, e observa-se um risco maior de nefrite lúpica, no período periconcepcional. Todas as gestantes com suspeita de doença ativa devem ser hospitalizadas devido à gravidade da condição e ao rápido comprometimento da vitalidade fetal – abortos espontâneos e o óbito fetal podem ocorrer em cerca de 20% dos casos. O tratamento de longo prazo deve levar consideração o risco-benefício, sempre considerando os efeitos nocivos da doença para o binômio mãe-feto. Embora exista uma toxicidade, a descontinuação abrupta do tratamento não é recomendada, pois aumenta os riscos para desfechos desfavoráveis. As principais drogas são glicocorticoides e a hidroxicloroquina. A via de parto deve ser vaginal, o parto cesáreo deve ser bem indicado, devido ao maior risco de tromboembolismo venoso, perda sanguínea e infecção. Devido à gravidade e a significativa morbimortalidade materno-fetal, é de fundamental importância o conhecimento acerca do lúpus associado à gravidez.
Palavras-Chave: Lúpus eritematoso sistêmico; pré-natal; gestação; gravidez; doenças auto-imune
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PDFReferências
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